Entre balões, buzinas e coragem: Yoko celebra a última sessão de quimioterapia
Tetraplégica desde a juventude, ela encerrou a quimio com uma homenagem emocionante feita pela equipe que a acompanha no tratamento.
Cinco meses depois de iniciar o tratamento contra o câncer de mama, Yoko Farias Sugimoto viveu, nesta terça-feira (2), um dos capítulos mais marcantes de sua trajetória recente. Tetraplégica desde a juventude e enfrentando uma de suas fases mais difíceis, ela encerrou o ciclo de quimioterapia envolvida por balões, cartazes e mensagens de apoio preparados pela equipe da ambulância responsável por suas remoções.
O gesto inesperado transformou o trajeto até o hospital em uma celebração de força, fé e resistência.
“Foi profundamente tocante. Assim que entrei na ambulância, vi balões, cartazes e mensagens como ‘guerreira’, ‘determinada’ e ‘dia da vitória’. Do lado de fora, tinha ‘última quimio, buzine’”, relatou Yoko.
Durante todo o percurso, motoristas de carros, motos e caminhões aderiram ao gesto e buzinavam em apoio. “Cada buzina era como um abraço. Senti que não estou sozinha nessa luta”, disse.
O momento ganhou ainda mais significado porque, naquela manhã, um problema com o plano de saúde havia impedido a autorização do transporte. Mesmo assim, a equipe decidiu levá-la.
“A remoção foi excepcional. Eles se solidarizaram e me tranquilizaram. Isso me comoveu muito”, relatou Yoko, emocionada.
A técnica de enfermagem Wendy e o motorista Floro — que acompanharam Yoko durante todo o tratamento — foram os responsáveis pela homenagem. Mesmo de folga, fizeram questão de participar. A ideia, conta Wendy, nasceu do desejo da própria paciente.
“Ela sempre dizia que queria que o dia da última quimio fosse especial. Então pensamos: por que não fazer algo alegre, que deixasse esse momento ainda mais marcante?”, disse a técnica.
Segundo ela, Yoko nunca perdeu a fé ou a leveza: “Colocávamos louvores, conversávamos. Ela nunca deixou de sorrir ou agradecer a Deus”.
“Deus enviou anjos”
Para Yoko, que perdeu a mãe cedo, cresceu sob os cuidados da avó e não tem familiares próximos, o carinho recebido tem um significado ainda maior.
“Por ser órfã, Deus enviou anjos amigos ao longo da vida. Eles me visitaram no hospital, comemoraram comigo. E a maneira como a equipe me tratou fez toda a diferença. Floro e Wendy se tornaram anjos nesse processo”, afirmou.
A história de Yoko foi compartilhada pelo Jornal do Commercio em agosto, quando ela buscava recursos para manter o tratamento e renovar as cadeiras de rodas já desgastadas. Os desafios impostos pela tetraplegia e pela falta de acessibilidade continuam — mas agora estão acompanhados por uma rede ainda maior de solidariedade.
Ao olhar para trás, Yoko resume a jornada com gratidão:
“Essa homenagem é um reconhecimento da força que precisei encontrar dentro de mim. Se não fosse Deus na minha vida, tudo seria mais difícil. Hoje, sinto esperança”.
Com o fim da quimioterapia, ela inicia uma nova fase do tratamento, sob acompanhamento oncológico.
“Eu agradeço por cada gesto, cada oração e cada buzina. A luta continua, mas sigo com fé, com força e cercada de pessoas que Deus colocou no meu caminho”, conclui.
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