cover
Tocando Agora:

Prefeito francês renuncia após passar cinco meses governando vila a 18 mil km de distância

Ausência prolongada de Philippe Petitqueux gerou crise administrativa, revolta de moradores e cobrança do governo regional.

Prefeito francês renuncia após passar cinco meses governando vila a 18 mil km de distância
Prefeito francês renuncia após passar cinco meses governando vila a 18 mil km de distância (Foto: Reprodução)

A pequena vila de Formiguères, no sul da França, viveu uma situação inusitada nos últimos meses. O prefeito Philippe Petitqueux, eleito para comandar o município de cerca de 500 habitantes, passou cinco meses no Taiti, na Polinésia Francesa, tentando governar à distância por videoconferências e e-mails. A ausência prolongada provocou atrasos administrativos, indignação de moradores e pressão das autoridades regionais.

Petitqueux deixou a França em julho, alegando que faria “uma pausa por algum tempo”. Já no Taiti, começou a trabalhar em um parque de esportes de aventura, atividade semelhante à que desempenhava antes, em outra cidade francesa. Mesmo a 18 mil quilômetros de distância, tentou manter decisões importantes da administração local, mas diversos processos ficaram travados ou avançaram lentamente.
A oposição reagiu imediatamente. Yves Tubert, líder oposicionista, afirmou à France 3 que “é impossível gerir uma cidade a essa distância”. A revolta aumentou quando veio à tona que o prefeito continuou recebendo seu salário mensal de mil euros (cerca de R$ 6.200) até setembro. Petitqueux alegou que manteve a remuneração apenas enquanto auxiliava “na transição” e acompanhava assuntos urgentes da cidade.

Em outubro, o governador do departamento de Pirenéus Orientais, onde fica Formiguères, enviou um pedido formal de explicações após confirmar que o prefeito seguia recebendo salário apesar da ausência. Pela legislação francesa, um prefeito que não consegue exercer plenamente suas funções pode perder esse benefício.
Pressionado, Philippe Petitqueux apresentou sua renúncia na última terça-feira (2), decisão confirmada no dia seguinte. A prefeitura informou que o conselho municipal deve se reunir nas próximas semanas para eleger um novo prefeito e encerrar a crise que se arrasta desde o verão europeu.


“Narrativa deformada”, diz ex-prefeito
Mesmo após deixar o cargo, Petitqueux negou ter abandonado suas funções. Em entrevista ao jornal L’Indépendant, disse que continuou monitorando ações da administração para impedir possíveis sabotagens da oposição. Ele acusou seus adversários de “deformar e instrumentalizar” os fatos.
O ex-prefeito também revelou ter enfrentado constante tensão durante o mandato: segundo ele, foram frequentes os insultos, ameaças e episódios de violência. Afirmou ainda que sua família recebeu cartas anônimas com ataques pessoais e que seus filhos teriam sido hostilizados na escola, fatores que pesaram na decisão de renunciar.

Com mais de 20 servidores que pediram exoneração nos últimos cinco anos e a administração praticamente paralisada desde a ausência do prefeito, Formiguères tenta agora recuperar a estabilidade institucional e reorganizar sua rotina administrativa.

Comentários (0)